Mais Ecos do evento

Para finalizar os posts sobre o evento do dia 24/11 vou contar sobre a palestra de Claudio Barbosa – O legado e as escolhas pessoais.

Claudio falou um pouco sobre a empresa da sua família e o legado de cada uma das gerações. Sua apresentação estava diretamente relacionada com o tema do evento – empresas familiares, da motivação inicial para empreender à necessidade de profissionalizar o negócio.

Claudio contou como seu avô empreendeu e o que deixou para os filhos. Falou sobre o que o seu pai herdou e o que transmitiu para sua geração.

Claudio, escolheu um outro empreendimento. Ele criou uma empresa – a ID Familiar – que faz o resgate e documentação da historia das famílias, através de entrevistas, depoimentos, levantamento de documentos.

Cada família tem a sua própria história(ea sua identidade) e documentá-la significa não deixar que ela seja esquecida e significa, também, dar a possibilidade de repassá-la para as gerações seguintes.

Quem quiser saber mais sobre a ID Familiar pode visitar o site www.idfamiliar.com

Ecos do evento (continuação)

Dando continuidade aos ecos do evento do dia 24/11 realizado na PUC-Rio

Antonio Carlos Vidigal é um dos principais nomes brasileiros em empresas familiares e foi com quem aprendi muito sobre o assunto. Vidigal fez uma apresentação super interessante sobre governança corporativa nas empresas familiares, da qual destaquei alguns pontos:

– O Brasil importa praticamente todas as teorias de administração dos EUA e naquele país, a grande maioria das empresas são “Public Companies”, ou seja, companias abertas com as ações pulverizadas na bolsa de valores. Aqui, diferentemente de lá, praticamente não temos public companies, todas têm um “dono” e, ainda existe uma tradição desse dono abusar do poder.

– Nas empresas SA o conselho é uma exigência legal, nas empresas familiares pode demonstrar uma preocupação com a gestão da empresa e com o patrimônio da família. AC Vidigal apresentou o papel do conselho nas empresas familiares, a saber:
a) ajudar o CEO a ser mais eficaz
b) insistir na existência de um planejamento
c) ajudar no estabelecimento de metas, e na tomada de decisões importantes
d) dar credibilidade e melhorar a imagem da empresa
e) atuar como arbitro ou mediador.
Entretanto, a existência do conselho ainda não é uma realidade nas empresas familiares brasileiras.

– O 3o. ponto de grande relevância na palestra do Vidigal foi a apresentação de um estudo realizado com empresas familiares brasileiras com mais de 100 anos em que ele pôde concluir que um dos fatores de sucesso dessas empresas era um baixo número de sócios.
Isto é, na medida que a empresa passa de uma geração para outra a tendência é que aumente o número de sócios. Uma empresa na 3a ou 4a geração vai ter um número significativo de pessoas para tomarem decisões e quanto mais gente para decidir sobre alguma coisa, mais longo e mais difícil é o processo. Assim, a existência de um número pequeno de sócios pode ser um fator crítico de sucesso.
Os dados dessa pesquisa estão no livro Viva a Empresa Familiar e, como o livro está esgotado, em breve farei um artigo sobre isso.

Os ecos do evento Empreendimentos familiares – da motivação inicial para empreender à necessidade de profissionalizar o negócio

Passei a última semana envolvida com a organização do evento que aconteceu no dia 24 de novembro na PUC-Rio.

Apesar da excessiva preocupação inicial – será que vai dar tudo certo? será que as pessoas vão aparecer? será que elas vão gostar? será que as comidinhas vão chegar na hora? Será que o ar refrigerado vai funcionar? Será que vai ter luz? – deu tudo certo!
Claro que imprevistos acontecem, entretanto, foram todos bem contornados.

Gostaria de nesses próximos posts trazer alguns pontos importantes do evento. Vale ressaltar que é uma grande satisfação poder receber meus alunos e seus pais para a palestra. Defendo a importância do diálogo nas famílias e, muitas vezes, cursar a disciplina de empresas familiares, discutir os textos em aula, levar os trabalhos para casa, facilita essa comunicação.

Eu fiz a 1a apresentação falando sobre a motivação inicial para empreender e a necessidade de profissionalizar o negócio. Os negócios crescem, muitas vezes, de forma desordenada, sem planejamento prévio, ao sabor da demanda até que chegam em um determinado momento em que para a empresa crescer é muito importante que ela passe por um processo de profissionalização.

Pode acontecer da entrada da geração mais nova na empresa ser o disparador desse processo.

Um dos pontos que eu enfatizei foi a questão da CONFIANÇA versus a COMPETÊNCIA. E isso está diretamente relacionado com a nossa cultura.

O povo brasileiro é muito desconfiado, acha que sempre tem alguém tentando tirar vantagem – a “lei de Gérson”, “o jeitinho brasileiro”, a “malandragem”, características da nossa cultura, faz com que as pessoas prefiram ter pessoas de confiança na sua volta e quem é de mais confiança do que os amigos e familiares?

Para que as empresas consigam lutar por seu espaço no mercado é muito importante que exista confiança, honestidade, ética, respeito e competência.

Contudo, quando pergunto aos meus alunos em Atitude Empreendedora, quais são as características dos empreendedores, ética, respeito, honestidade, integridade são características que nunca aparecem. Por que será? É básico, todos devem ter? Ou será que é porque poucos possuem tais características?

Em um momento em que o mundo fala da importância das empresas socialmente responsáveis, é preciso decidir sobre qual posição escolher.

Evento na PUC-Rio

Vai acontecer nesta 3a feira, dia 24 de novembro o evento Empreendimentos Familiares – da motivação inicial para empreender à necessidade de profissionalizar o negócio.

Já comentei em posts anteriores … tenho uma disciplina chamada Empresas Familiares, disciplina eletiva oferecida a todos os alunos que se interessam pelo tema e, a cada semestre organizo um evento diferente, direcionado, principalmente para os meus alunos, mas aberto a todos os interessado por este tipo de organização.

Para quem quiser mais informações, o convite está disponível na seção de eventos do site.

EMPREENDEDOR X EMPRESÁRIO

Na semana passada o Daniel Pereira sócio fundador da LUZ Consultoria Criativa fez uma palestra sobre profissionalização das pequenas empresas familiares. Listei algumas passagens interessantes que estão diretamente relacionadas com os posts anteriores e com o evento que acontecerá no dia 24/11 na PUC-Rio.

– Profissionalização significa corrigir os problemas causados pelo amadorismo das empresas.
Nas empresas familiares percebemos que esse amadorismo faz com que família e empresa estejam muito misturadas e por isso fala-se da necessidade de separar os dois sistemas. Contudo, profissionalização não significa trocar membros da família por profissionais contratados no mercado de trabalho.

– empreendedor é quem dá o primeiro empurrão, nem todos conseguem virar empresário.
O empreendedor tem uma forte ligação com o empreendimento, que na maioria das vezes, é a realização do seu sonho. Ele está cercado de pessoas de confiança que não são necessariamente as mais capacitadas para desempenhar as suas funções.
Já o empresário é quem faz a ponte com a empresa profissional, seus colaboradores devem ser extremamente competentes e existe uma grande preocupação em adotar as melhores práticas em administração de empresas.
O empreendedor sabe muito do negócio, ou de um determinado setor. O empresário sabe tudo de administração de negócio.

O fundador da empresa tem o perfil do empreendedor, o sucessor deve ser um empresário e isso faz toda a diferença! Signfica, por exemplo, dizer que o sucessor não precisa ser a imagem e semelhança do sucedido.

– Profissionalização e sucessão são dois processos que caminham juntos.
é muito difícil que uma empresa consiga passar pela sucessão sem algum grau de profissionalização e, muitas vezes, é o candidato a sucessor quem inicia o processo de profissionalização.

A relação entre empreendedorismo e família

No post anterior falei sobre o empreendedor por necessidade e o empreendedor por oportunidade, hoje vou mostrar algumas relações entre empreendedorismo e família, ainda segundo os dados do GEM – Global Entrepreneurship Monitor.

O Brasil é um país com alta taxa de empreendedorismo e, geralmente, o investimento inicial necessário para o empreendimento vem da família. De acordo com o GEM, 62% das pessoas pede dinheiro emprestado da família, apenas 10% recorre ao crédito bancário.

Talvez essa seja a razão pela qual muitas empresas já começam como uma sociedade entre familiares em que um entra com a idéia, o outro entra com o capital … é apenas uma hipótese!

Outro dado que relaciona a família ao empreendedorismo é a motivação das mulheres para empreender. As mulheres brasileiras estão em 4o lugar do ranking mundial; E o relatório ressalta que ajudar nas despesas de casa é a motivação inicial de 60% das mulheres empreendedoras brasileiras.

Em outras pesquisas já foi constatado que as mulheres empreendem, sobretudo, antes da maternidade ou quando as crianças já são maiores, na faixa dos 6 anos quando estão um pouco mais independentes das mães. Algumas empreendedoras, numa tentativa de resolver a distância que as separa da sua família, por trabalharem fora, convidam os familiares para trabalharem com elas – outra justificativa para o enorme número de empresas familiares.

Quem quiser mais informações sobre o GEM pode entrar no site www.gembrasil.org.br

Motivação para empreender

O Brasil é um país com alta taxa de empreendedorismo, ou seja, são muitas as pessoas que decidem abrir um negócio por aqui e as razões são as mais variadas.

Existe uma discussão, de que o brasileiro é empreendedor por necessidade e não por oportunidade e, o empreendedorismo por oportunidade é o que faz o país crescer.

De fato, tem muita gente que opta por montar seu próprio negócio por falta de opção. É difícil arrumar um emprego, o mercado super competitivo não paga bons salários e, ser o seu próprio patrão parece ser uma melhor opção.

Também não podemos negar que emprendedorismo, inovação e competitividade são conceitos que caminham juntos e estão relacionados com a identificação de oportunidades. Mas, se pensarmos nos grandes empreendedores brasileiros e nas famílias que controlam empresas brasileiras, nos daremos conta de que muitos eram imigrantes que vieram ao Brasil com o objetivo de “fazer a américa” e que a partir da necessidade ajudaram a construir o nosso imenso país. O cenário era outro e conseguiram juntar necessidade e oportunidade.

Alguns dos professores de empreendedorismo, meus colegas na universidade, ressaltam que a maioria dos trabalhos desenvolvidos em sala de aula são referentes a “mais uma pousada” ou “mais um restaurante” e, onde está a oportunidade?

Talvez sem nem terem se dado conta, pois o jovem pensa muito no presente, esses jovens alunos encontraram uma grande oportunidade para seus empreendimentos já que o Brasil sediará a Copa do Mundo em 2014, e o Rio promoverá as Olimpíadas em 2016.

Seja por oportunidade ou por necessidade, o importante é fazer o negócio crescer e prosperar. O evento do dia 24/11 contemplará essa e outras questões.

A diferença de idade entre as gerações

No post anterior falei do adiamento da maternidade. Atuamente, a opção pela maternidade acontece mais tarde por uma série de razões, entre elas, a inserção da mulher no mercado de trabalho, a dificuldade de os jovens conquistarem a sua independência financeira e etc.

Alguns autores chamam a atenção para o seguinte fato: se um casal decide ter seu primeiro filho com trinta e poucos anos, quando esse menino estiver em idade para entrar na empresa da família seus pais estarão com quase 60 anos, próximos da aposentadoria, encurtando, assim, o período de convivência entre pais e filhos na empresa da família. Se por um lado, a maternidade/paternidade foi adiada, por outro, a expectativa de vida aumentou consideravelmente o que permite que os pais trabalhem até mais tarde.

Encontramos ainda com bastante frequência, fundadores de empresas na faixa dos 80 anos de idade que ainda comandam seus negócios. Contudo, o aumento da diferença de idade entre pais e filhos, ao mesmo tempo em que pode diminuir o tempo do trabalho em conjunto dos dois na empresa e aumentar as diferenças de opiniões, pode favorecer o processo de sucessão.

O jovem adulto entra para a empresa cheio de energia, querendo inovar e implementar uma série de mudanças. Com o trabalho em conjunto, no dia a dia, com a geração mais velha aprende muito sobre o negócio em si, sobre o setor específico, sobre a cadeia produtiva e sobre a forma como a geração anterior faz negócios.

Porém, aos poucos, esse jovem, pede cada vez mais autonomia e reconhecimento pelo seu trabalho. Se o filho não conseguir conquistar o seu espaço ( e o pai não permitir isso, não abrir espaço para a sua entrada) ou ele sairá da empresa ou será travada uma disputa bastante acirrada entre o filho que busca autonomia e o pai que resiste em abrir mão do comando.

Com o aumento da diferença de idade entre pais e filhos, existe a possibilidade de trabalharem menos tempo juntos mas também esiste a possibilidade de o pai aceitar passar o bastão para o filho quando este estiver pronto para assumir a liderança da empresa

novas configurações familiares e as empresas familiares

Um tema recorrente nas últimas semanas em sala de aula foi o impacto das novas configurações familiares nas empresas familiares.

O modelo de família tradicional, patriarcal, em que pai, mãe e filhos moram juntos na mesma casa, o pai como provedor e a mãe cuidadora já não é mais o único modelo possível na nossa sociedade. Além disso, o ideal de casamento ‘até que a morte nos separe’ cedeu espaço para ‘o que seja eterno enquanto dure’ e enquanto traga felicidade e satisfação para os membros do casal.

A entrada da mulher no mercado de trabalho, a possibilidade das separações (divórcios) e a existência das famílias chefiadas por mulheres trouxe uma série de mudanças para as vidas em família. A família mudou, não quero dizer que o modelo atual seja melhor ou pior do que o anterior, mas é diferente!

Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, a maternidade foi adiada por alguns anos, aumentando assim a diferença de idade entre pais e filhos. A diminuição da taxa de natalidade também tem sido relacionada com a entrada da mulher no mercado de trabalho. Hoje a taxa de natalidade no Brasil está em 1,8 filho por mulher.

Se por um lado as famílias diminuíram – cada mulher tem menos filhos – encontramos famílias muito numerosas, principalmente, com as novas configurações. E no caso das famílias recasadas?! Aquelas famílias em que os pais (ou pelo menos um deles) já se casaram e separaram e se recasaram, trazendo ou não para esse novo relacionamento, filhos de um relacionamento anterior.

Uma dúvida frequente é – e quem pode concorrer ao cargo de sucessor? Um enteado pode querer ser sucessor? Nos casos das famílias mais numerosas existe a chance de muitos ou pelo menos um dos filhos querer (desejar) dar continuidade ao negócio da família, sem ser obrigado a isso.

Nos próximos posts, abordarei outras questões pertinentes às novas famílias

O “como” planejar a sucessão em cada momento

Nos posts anteriorese escrevi sobre o momento ideal para dar início ao planejamento da sucessão, ou melhor, à prepararção dos herdeiros dentre os quais pode estar o sucessor.

Dependendo da faixa etária da geração mais nova (a que deve ser preparada) algumas ações podem ser implementadas.

Quando os membros dessa geração mais nova ainda são crianças, o cuidado maior deve vir de casa, dos pais. Os filhos aprendem a partir da observação daquilo que seus pais (seus heróis) fazem. Aquela frase “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço” não funciona, na realidade o que fica registrado na cabecinha das crianças é o que os seus pais fazem.

Em algumas famílias as crianças aprendem, desde cedo, que “é importante trabalhar”, que “o dinheiro é a recompensa pelo trabalho sério”, que “não dá pra ter tudo o que a gente quer”. Em outras famílias, os pais, por acreditarem que o mundo já é duro e cruel o suficiente, ou por se sentirem culpados por não estarem tão presentes e tão disponíveis, acabam mimando seus filhos … é como se essas crianças vivessem em uma bolha, afastadas de realidade. Se elas não aprenderem a lidar com os sentimentos de perda e de frustração em casa, com pessoas queridas os apoiando, vai ser mais difícil lidar com tais sentimentos no futuro.

Quando os filhos já são maiores podem participar de iniciativas formais, como os grupos de herdeiros, e podem participar de discussões em casa que envolvam “gastos/investimentos” como as próximas férias, a compra do carro novo e até de encontros em que o assunto seja o negócio da família. Isso pode ser feito de uma forma mais direta – explicando como as decisões são tomadas ou falando sobre os clientes, fornecedores, ou, ainda, de uma forma indireta, com questões mais amplas sobre empreendedorismo, análise de setor, planejamento de negócios, inovação, tendências etc.

Se os membros dessa geração mais nova já trabalha na empresa mas ainda não têm poder de decisão podem participar de uma espécie de Conselho – o Conselho Jovem – com o objetivo de discutir aspectos do negócio. Eles são observadores participantes da gestão da empresa.

Outra questão é a frequência desses encontros …. depende da disponibilidade e, principalmente, do interesse dos envolvidos na preparação.