Relacionamento entre irmãos

– É o relacionamento mais longo e é para sempre

O relacionamento entre os irmãos, provavelmente, será o mais duradouro – Nossos pais são mais velhos do que nós, e se tudo acontecer conforme o esperado, eles morrerão antes de nós, da mesma forma como nós, morreremos antes dos nossos filhos. Além disso, conhecemos nossos cônjuges na idade adulta. Sendo assim, nossos irmãos serão nossos companheiros de vida, mais ou menos presentes.

Os irmãos podem romper os vínculos, parar de se falar, mas seu vínculo é para sempre, a origem é a mesma e isso não muda.

– Relacionamento com uma grande ambivalência de sentimentos

O relacionamento entre os irmãos é o maior laboratório do que vamos viver na vida. Com os irmãos experimentamos o amor, o ciúme, a rivalidade, a cooperação e o trabalho de equipe. é entre irmãos que prendemos a conversar com um igual (um par na hierarquia familiar), negociar a escolha do programa de tv, a história que será lida na noite antes de dormir, dividir os brinquedos, o espaço, a atenção dos pais.  Não há como negar a mistura de sentimentos.

Os pais as vezes imploram para que os irmãos se amem, não briguem, sejam amigos.  Ouvi isso varias vezes na minha casa, quando eu brigava com as minhas irmãs e já falei inúmeras vezes quando os meus filhos brigam!

Na verdade, eles são amigos, eles se defendem com unhas e dentes contra “agressores” externos. Ninguém pode falar mal do meu irmão! Mas ao mesmo tempo, os irmãos estão lado a lado negociando o tempo todo e muitas vezes se sentem “ameaçados” pelo irmão que é mais ou melhor do que ele em alguma coisa.

Os irmãos pertencem a um mesmo sistema (família), se reconhecem como pares, mas precisam se diferenciar, buscar o seu espaço de identificação, de diferenciação. É evidente que em todas as famílias existe o mais tímido, o mais extrovertido, o mais curioso, o mais engraçado, o mais inteligente, o mais levado.  Infelizmente os rótulos ainda são usados nas famílias e os membros da família se relacionam, uns com os outros em função desses rótulos.

Irmãos em casa e irmãos no ambiente de trabalho

É inevitável que os comportamentos de casa sejam levados para o ambiente de trabalho. Imaginem 2 irmãos jovens adultos que vão trabalhar na empresa da família, eles podem ser colega de trabalho há dois ou três anos, mas são irmãos há 20.

O relacionamento entre irmãos, em especial, a rivalidade fraterna, é um tema que aparece com muita frequência no campo das empresas familiares, sobretudo quando o pai precisa escolher um sucessor ou quando os irmãos são os responsáveis pela gestão da empresa – sociedade entre irmãos.

De forma bem resumida as dificuldades podem surgir quando a hierarquia na empresa é invertida, um filho mais novo assume a liderança, ou quando a liderança é compartilhada entre os filhos, mas os irmãos não conseguiram definir ou respeitar os papeis de cada um.

Mas o relacionamento entre irmãos traz muitos pontos positivos para a empresa, sobretudo quando a família consegue criar o capital fraterno, um conhecimento que surge dessa relação e pode ser uma força para as empresas administradas por irmãos.

Como fazer que a relação entre irmãos seja um ponto de força na empresa familiar?

Recentemente li o livro de Daniela Montemerlo, pesquisadora italiana, que defende a importância de criar o “capital fraterno”, algo que surge do relacionamento entre os irmãos.

É importante criar o “capital fraterno”

É feito de confiança, cooperação, comprometimento, valores, visão história, experiência e linguagem comum, comunicação, confronto (argumentações e discussões) e decisões. O capital fraterno é baseado principalmente em relações positivas de afeto e apoio

Como desenvolver o capital fraterno?

  1. Desafio pessoal – é a relação mais longa, se desenvolve ao longo do tempo e exige o comprometimento esforço e sacrifício de todas as partes
  2. Equilíbrio – cultivar alguns valores (princípios ou premissas) irrenunciáveis – complementariedade, trabalho de equipe (onde estão todos unidos pela excelência profissional), respeitar as posições hierárquicas, ter muito cuidado com a comunicação – entre os irmãos e entre outros atores externos, sejam eles funcionários cônjuges – para proteger a relação
  3. Os acordos familiares – geralmente os irmãos herdam os acordos da geração anterior, mas é preciso revê-los; os acordos precisam fazer sentido para a geração que está no comando – papeis, remuneração, entrada na empresa, formação dos mais novos etc
  4. exercício da liderança – se o estilo vai ser de co lideres ou um (líder) entre iguais

é preciso prestar atenção ao estilo de liderança que será desenvolvido na empresa pois alguns pontos podem causar conflitos no ambiente do trabalho

Quando os irmãos são muito próximos de idade, podem ter um relacionamento mais paritário em casa, estão todos no mesmo nível hierárquico, mas na empresa a hierarquia pode ser diferente – um pode ser o líder, o mais novo pode assumir a principal liderança

5. Definir o estilo de governança – conselho de administração, de família, assembleia de sócios etc

Se você conhece irmãos que trabalham juntos, envie o artigo para eles e os marque nos comentários.

Quando marido e mulher trabalham juntos

E quando marido e mulher trabalham juntos …

Esse assunto costuma dar muita discussão.

Vinculo com o negócio define o padrão de relacionamento?

O vínculo com o negócio e os tipos de sociedade variam bastante e algumas possibilidades são: (i) casal que é sócio em uma atividade (em uma mesma profissão), (ii) casal em que um dos dois é o empreendedor, único dono da empresa e o cônjuge é (1) um investidor, (2) um funcionário ou (3) alguém com quem trocar ideias depois do expediente na empresa.

O tipo de sociedade, por si só já poderia definir o tipo de interferência no negócio. Contudo, sabemos que as ações da empresa são quantificadas, mas o poder não. Então, o investidor pode se sentir dono do negócio, quem não trabalha na empresa, mas opina em casa pode ter um forte poder de decisão e quem trabalha na empresa pode ter um grande poder de persuasão e ser responsável por muitas das decisões, Ou seja, o tipo de sociedade não determina a forma das pessoas se relacionarem em uma empresa.

A história do empreendimento, o estilo e o tempo de relacionamento conjugal são fatores que vão influenciar bastante no funcionamento da empresa.

Algumas dicas que podem facilitar o relacionamento entre os membros de um casal que trabalham juntos.

– definir quais são as responsabilidades de cada um e respeita-las! O responsável por uma área deve ser o responsável pelas decisões daquela área, é importante respeita a divisão e confiar na capacidade de quem deve decidir. Nada impede que vocês conversem sobre o assunto, mas trabalhar em equipe exige aceitar decisões diferentes da sua.

Quando os membros de um casal trabalham juntos, eles têm um objetivo em comum, e precisam trabalhar em equipe, visando sempre a cooperação e não a competição

– diante de um problema, focar SEMPRE na solução. Não adianta pensar em quem foi o culpado, de quem é a responsabilidade. Isso pode ser importante para conhecer o processo de trabalho, para saber onde houve uma falha, mas o mais importante é sempre buscar a solução

– ter cuidado ao dar feedbacks. Quando as pessoas são mais próximas e mais intimas elas podem ter conversas mais duras, mais difíceis – então, uma dica, fale sempre sobre um comportamento e não sobre a pessoa, fale sobre o trabalho e não sobre discussões passadas, foque no presente, na situação motivadora da conversa e não em temas passados.

– dedicar um tempo para atividades individuais, hobbies, encontros com amigos. Faz bem para os membros do casal individualmente e traz novos assuntos para casa.

– separar os assuntos e problemas de casa para serem resolvidos em casa e aqueles de trabalho, no trabalho. Parece simples, mas essa é a parte mais difícil.

  • Contas da empresa devem ser separadas das contas da família
  • A relação de casal conjugal é uma relação entre pares, pessoas de um mesmo nível da hierarquia, as relações de trabalho podem ser pares ou não. Evitar relações de subordinação no trabalho pode ser interessante para o casal.
  • O relacionamento de marido e mulher pertence ao âmbito privado. Não é preciso que o casal se trate de forma fria e distanciada no ambiente de trabalho mas é interessante que o apelidos e as manifestações de carinho fiquem para os ambientes privados (para não constranger os funcionários)
  • Algumas famílias optam por não falar de trabalho em casa. Optam e conseguem! Outras, delimitam um lugar da casa ou estabelecem um horário para tratar de assuntos de trabalho. É importante existir limites claros e bem definidos.

Você tem outras dicas?  Escreva nos comentários!

O impacto do trabalho remoto na vida das famílias

Bom, apesar de não ser um tema “original”, eu gostaria de dividir com vocês algumas reflexões sobre o impacto do trabalho remoto na vida das famílias. Eu escrevi este texto em agosto de 2020, depois de uma live , aqueles bate papos organizados no aplicativo Instagram que ficaram na moda durante o isolamento social.

As famílias estão sempre se adaptando às tarefas e desafios de cada nova fase e esses meses de pandemia, home office, didática a distância estão sendo de muita negociação e muitos ajustes em casa!

O mundo parou! As escolas fecharam, as pessoas passaram a trabalhar de casa, ninguém podia sair de casa, a não ser para motivos de extrema necessidade. A COVID 19 exigiu uma reorganização na vida das pessoas no mundo inteiro.

Impactos na organização do espaço

Os filhos estudam em casa. Os pais trabalham em casa.

Certamente as famílias tiveram que improvisar um espaço de trabalho / estudo.

Ainda não se sabe quando as escolas voltarão ao ensino presencial e muitas empresas vão continuar com o trabalho remoto por mais um bom tempo, as pessoas tiveram que organizar o espaço e a infraestrutura – internet de qualidade e com muitos gigas, iluminação adequada, mesas e cadeiras ergonômicas. Algumas famílias puderam investir nisso, outras continuam na improvisação.

Abrindo um parêntese aqui, estou me referindo às famílias que podem se dar ao luxo disso tudo pois, infelizmente, ainda vivemos num mundo desigual –em muitas famílias – os pais que perderam seus empregos, as pessoas moram em espaços pequenos sem computadores, sem internet, as crianças que perderam além do espaço de socialização, as merendas/refeições.

Contudo os impactos vão além desses já descritos e podem ser classificados em pontos positivos / vantagens e negativos / desvantagens

Vantagens do trabalho remoto para a vida em família

– As pessoas não gastam tempo no deslocamento (e no trânsito) e consequentemente têm mais tempo em casa. Os pais que passavam o dia fora, agora podem acompanhar o dia a dia dos filhos de pertinho.

– As refeições estão mais saudáveis, preparadas em casa, e são feitas com a família.

– Existe uma maior proximidade entre as pessoas que já moravam na mesma casa, pois agora a convivência é 24 horas, 7 dias na semana.

Mas como toda moeda tem dois lados, essas vantagens também podem ser desvantagens.

Desvantagens

– Trabalhar em casa exige muita disciplina e muita concentração e respeito de limites – é importante criar uma rotina, definir as tarefas / atividades do dia. Não é porque você está trabalhando de casa que precisa trabalhar muito mais horas.

– as crianças estudando em casa, muitas vezes precisam da ajuda dos pais com computador, a impressora e com os deveres de casa. Além disso, eles precisam comer – café da manha, almoço, jantar e vários lanchinhos / merendas entre as refeições. Alguém precisa prepará-las.

– acúmulo de funções e papéis. Os pais se viram com uma enorme sobrecarga de trabalho e, em muitos lares ainda são as mulheres as responsáveis pela casa e pelas crianças, mesmo quando elas trabalham fora. Se não dá pra fazer tudo, faça tudo o que puder fazer. Quem trabalha no escritório, fora de casa, sai do seu ambiente de trabalho para almoçar, quem trabalha em casa, precisa preparar a comida  e quem tem filhos precisa preparar as refeições adequadas para as crianças.

– a proximidade entre as pessoas traz mais amor, mais brigas, mais intimidade. Alguns casais casados há anos, estão se conhecendo agora. Infelizmente o número de casos de violência domestica aumentou no mundo inteiro.

Infância e adolescência

Depois de todo esse tempo sem escola, sem contato com os amigos penso no impacto disso tudo na vida

das crianças e adolescentes.  Se no início eles ficaram felizes com a suspensão das aulas, tenho certeza de que estão morrendo de saudades das escolas, de estar com os amigos. É um período de descoberta e de muitas aprendizagens que foi interrompido. Certamente, eles perderam muito com tudo isso.

Muitas crianças já manisfestaram e verbalizaram seus medos e ansiedades. Os que não conseguiram expressá-los em palavras, podem apresentá-los em sintomas variados – agressividade em casa, pesadelos recorrentes ou então faz xixi na cama, desenvolve uma gagueira .

Pets e hobbies

O sentimento de estar sozinho em casa fez com que muitas famílias adotassem um animal de estimação fenômeno percebido em vários países. Se antes as pessoas se queixavam da falta de tempo livre para se dedicar aos hobbies, durante a quarentena, muitos se dedicaram aos cursos on line, de temas mais variados, à arrumação da casa e aos velhos e novos hobbies -meditação, leitura, culinária, organização etc.

O que vai ficar dessa experiência?

Temos que esperar para saber, mas eu apostaria em algumas hipóteses.

– No Brasil, as pessoas vão precisar menos de empregadas domesticas e diaristas. As famílias passaram muito tempo sem ajuda e viram que é possível se virar sozinhos e no final do mês sobra um dinheiro para o lazer ou para colocar no “fundo viagem”.

– O trabalho remoto, desejo antigo de muitos trabalhadores, surgiu de improviso, pois as empresas ainda não estavam preparadas, veio para ficar. E as empresas precisam ainda ajudar seus funcionários a lidar com o home office sem tanto estresse.

– Os serviços de entregas / delivery que já existiam, ganharam ainda mais força

– Acredito que com a possibilidade do trabalho remoto e dos serviços de delivery cada vez mais abrangentes, as exigências para a compra de um apartamento ou para a escolha do carro vão mudar.

Para quem trabalha em casa vai ser mais importante ter um apartamento confortável do que morar perto do trabalho ou do transporte. Se você não passa mais tantas horas do dia no deslocamento, não precisa ter um carro luxuoso com altos custos de manutenção, nem o segundo carro da família.

Qual é a sua opinião sobre tudo isso?

Alguns dos desafios enfrentados pelas mulheres que desejam crescer e fazer carreira

Podemos listar inúmeros desafios pelas mulheres que estão no mercado de trabalho, em qualquer nível hierárquico e aqueles específicos das mulheres que ocupam cargos de liderança.

Recentemente conheci uma consultora italiana que há muitos anos se dedica ao tema da diversidade, inclusão e a participação das mulheres no mundo do trabalho.

Na verdade, participei de um webinario onde ela falava sobre o papel das mulheres nas empresas familiares e, de bônus, descobri a sua maravilhosa obra.

Maria Cristina Bombeli é fundadora de uma organização, a Wise Growth, que se dedica à diversidade. Ela é especialista em comportamento organizacional e trabalha em importantes faculdades italianas de economia como professora e pesquisadora.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto, no site tem textos em italiano e em inglês. Encontrei alguns vídeos e entrevistas interessantes falando principalmente sobre o teto de vidro (fenômeno que impede as mulheres de chegarem a posições importantes nas empresas) e duas causas importantes e como as mulheres poderiam romper essa barreira, que tem um fator cultural, mas também um fator individual.

Teto de vidro – neste texto estamos nos referindo ao fenômeno que impede mulheres de chegarem no topo, em posições importantes nas empresas, contudo o teto de vidro não barra apenas mulheres.

Em um 1º livro, a autora investigou tal fenômeno. Seus números, suas causas, como e porque ele acontece. Ela chegou a dois fatores específicos, o primeiro deles é cultural. Ou seja, algumas pessoas acreditam que a mulher não seja capaz de assumir ou desempenhar tais papeis e funções. São os preconceitos da nossa sociedade ainda hoje bastante machista que as mulheres precisam enfrentar todos os dias. E o segundo aspecto diz respeito ao que a autora chamou de aspectos pessoais. Ou seja, como as mulheres se colocam e se veem no mundo corporativo.

Não é possível generalizar, as pessoas são diferentes, as mulheres são diferentes, mas pela sua prática, Bombeli percebeu que as mulheres precisam valorizar mais as suas qualidades em vez de achar que suas carências são limitantes. Ninguém é bom em tudo, todos nós temos uma serie de habilidades e competências mas enquanto os homens parecem ressaltar as suas qualidades, as mulheres se preocupam  muito mais com as suas deficiências . É como se eles vissem o copo meio cheio e elas, ou nos, víssemos o copo meio vazio. E num processo seletivo, em paridade de condições, os homens levam vantagem.

O livro Alice in a bussiness land, Alice no mundo dos negócios, foi escrito para ajudar as mulheres a lidarem com o aspecto pessoal do teto de vidro.

Além desses dois livros Bombeli escreveu um outro sobre as diferentes gerações no trabalho que deve ser interessantíssimo já que, com muita frequência, temos 4 gerações trabalhando juntas.

Bom, falar sobre a mulher no mercado de trabalho é um assunto bastante complexo e envolve uma série de questões ligadas à cultura do país, políticas públicas e privadas e a biologia.

Biologia – carreira e maternidade

O período para desenvolver a carreira profissional ainda coincide com o melhor momento para a maternidade, biologicamente falando.  Este fato faz com que algumas mulheres optem por ter filhos apenas depois dos 40 anos, depois de já terem consolidado a carreira. A falta de suporte por parte do estado (com escolas) ou a falta do suporte da empresa, que não garante o emprego da mulher, faz com que muitas saiam do mercado após o nascimento dos filhos.

 

Legislação e maternidade

A situação no Brasil é diferente daquela italiana – temos a licença maternidade e a proteção as mães que não podem ser demitidas nos meses seguintes ao parto. Para as mulheres de classe média, temos, no Brasil, a possibilidade de contar com creches e babas, uma realidade pouco comum na Europa.  Contudo, apesar das diferenças culturais, no Brasil muitas mulheres também abandam suas carreiras após o nascimento dos filhos. Neste texto, vocês podem ler um pouco mais sobre isso.

Segregação – setores /carreiras masculinos e setores femininos

Desde que as mulheres começaram a estudar vemos que é muito maior o número de mulheres matriculadas nos cursos de Psicologia, Pedagogia do que nos cursos de engenharia, por exemplo. O oposto também acontece, quase não vemos homens cursando Ciências da educação e com isso, os homens quase não se ocupam das atividades de cuidado.

Eu estudei na PUC-Rio nos anos 90 e, o curso de Psicologia, predominantemente feminino, ficava no mesmo prédio que o curso de Engenharia, predominantemente masculino. Ninguém questionava essa predominância nem a localização, mas será que o fato de as mulheres escolherem determinados cursos não as impede de ocupar posições de prestígio no topo das empresas? Muitas mulheres são líderes de Comunicação, Marketing, Recursos Humanos mas quantas são Presidentes ou vice presidentes de empresas?

Será que o fato de os homens não escolherem carreiras relacionadas com o cuidado com educação ou com os relacionamentos signifique que eles não valorizem essas atividades e por isso não considerem que as atividades domésticas – cuidados com a casa e a família sejam também suas responsabilidades? Acho que viajei nessa reflexão, mas acredito que se queremos um mundo mais igual precisamos falar na segregação que acontece tanto com os homens quanto com as mulheres. É evidente que a nova geração é bem diferente das anteriores, mesmo escolhendo fazer engenharia ou física muitos dos novos pais são tão atuantes quanto as mães nas tarefas de casa.

Com Bombeli conheci dois relatórios o Women in the Workplace realizado desde 2015 em uma parceria da McKinsey com a Lean In e o relatório anual do World Economic Forum.

Nossa! Quanta coisa descobri a partir de 1 hora de um webinario sobre o feminino nas empresas familiares. Quero terminar o artigo com alguns dados dos Relatórios Women in Workplace de 2019 e de 2020. Vale ressaltar que este relatório investiga o cenário americano.

Pesquisa realizada desde 2015 em uma parceria da McKinsey e a Lean In Org – *Women in the workplace* traz um retrato da representação das mulheres em posições de liderança em empresas americanas.

O relatório de 2019 trouxe um dado curioso. Apesar do percentual de mulheres e homens que entram nas empresas ser bastante  parecido, o percentual de homens que são promovidos a cargos gerenciais, já no 1o nível é maior do que o percentual de mulheres.

A cada 100 homens promovidos, apenas 72 são promovidas a um cargo de liderança 1o nível. Esse dado nos mostra que o problema não aparece apenas na ponta da carreira mas em todo o processo de desenvolvimento profissional. É como se existisse um funil em que vai ficando sempre mais difícil para as mulheres alcançaram posições de “lideres seniors” nas empresas.

Algumas empresas de capital aberto precisam ter 30% das cadeiras do board ocupadas por mulheres, e existe uma lei para isso, justamente para incentivar uma mudança. Contudo, as empresas de capital aberto ainda são uma minoria e as mulheres precisam lidar com essas situações de desigualdade.

2020 foi um ano difícil para todos. Muitos funcionários tiveram dificuldades em desempenhar suas funções. Muitos sentiram que trabalharam muito mais do que deveriam, ja que não existe um limite claro entre trabalho e casa e as mulheres parecem ter sido duramente afetadas.

O relatório Women in the workplace 2020  mostrou que 1 em cada 3 mulheres/mães pensou em mudar de emprego ( diminuir a carga de trabalho/ responsabilidades) ou sair do mercado de trabalho.

Se para muitas mulheres a dupla jornada de trabalho é uma realidade, elas saem para trabalhar e ainda são responsáveis pela realização ou coordenação das atividades da casa e dos filhos, no período de pandemia muitas se viram sobrecarregadas a ponto de entrar em *burnout* e pensar em largar o emprego.

Se essas mulheres abrem mão dos seus postos, as empresas terão cada vez menos mulheres em posição de liderança e a sociedade perde anos de lutas pela igualdade de gênero. O impacto vai ser muito grande.

Alguns motivos para as empresas estarem preocupadas com essa possível evasão são:
– as empresas apresentam uma boa lucratividade quando têm mulheres ocupando posições importantes,
– as mulheres exercem uma grande influência na cultura da empresa,  favorecendo programas de valorização de funcionários, diversidade e inclusão;
– as mulheres mentoram, apoiam e servem de exemplos para outras mulheres.

Quando mulheres deixam suas posições de liderança, mulheres de todos os níveis da hierarquia perdem com isso.

Empresas familiares tendem a ser mais lucrativas que às suas equivalentes não familiares

O Credit Suisse,  fez uma pesquisa com as empresas familiares negociadas na bolsa de valores e trouxe dados super interessantes.

Foram avaliados:

  1. resultados de longo prazo
  2. desempenho durante a pandemia
  3. alinhamento com critérios sustentáveis ESG

Antes de entrar na pesquisa em si, quero trazer algumas informações sobre o ESG, de forma bem simples

ESG é um conceito antigo que vem ganhando muita força no mercado de investimento. 

Environmental Social e Governance

Se antes os investidores se preocupavam apenas com a performance financeira das empresas, hoje eles buscam investimentos sustentáveis ou socialmente responsáveis e é  por isso que este conceito está ganhando força agora.

É importante considerarmos o mundo de forma sistêmica – não dá pra negar a interdependência  entre os negócios, as pessoas e o ambiente em que isso acontece.

O ESG é um indicador utilizado para avaliar uma empresa em relação a sua governança e seus  impactos diretos e indiretos no ambiente e na sociedade. Em portugues podemos encontrar a expressão ASG de ambiental, social e governança.

  • Environmental  / Ambiental – envolve questões como:  (1) emissão de CO2 e mudanças climáticas, (2) crescimento da população, (3) biodiversidade, (4) segurança alimentar etc
  • Social – envolve questões como: (1) direitos humanos, (2) condições de trabalho, (3) trabalho infantil e (4) igualdade
  • Governança-  (1) qualidade e diversidade do conselho de administração, (2) melhores práticas de governança, (3) Remuneração, (4) direito dos acionistas.  Ou seja, se a empresa adota as melhores práticas de governança corporativa, como ter conselhos , praticar a transparência na prestação de contas, combater a corrupção e priorizar a ética.

Os dados do Credit Suisse indicam que as empresas com índices elevados de ESG apresentam performance melhores e maior resiliência. Veja aqui.

O Itaú publicou um relatório  recentemente mostrando que as empresas que adotam as melhores práticas ambientais, sociais e de governança conseguem aumentar a sua receita, reduzir custos, reduzir problemas legais, aumentar a produtividade e ainda otimizar seus investimentos. E assim, conseguem dar um melhor retorno financeiro aos seus investidores.  

Algumas razões que estão levando as empresas a se preocuparem com esse indicador: (1) os consumidores têm preferido cada vez mais produtos e serviços que se preocupam com o impacto ambiental; (2) existe uma consciência inquestionável de que ‘é importante reduzir (ou minimizar) a todo custo as mudanças climáticas; (3) existe uma cultura, também inquestionável de reduzir os desperdícios  em todos os sentidos ; (4) a capacidade de unir sustentabilidade econômica e a socioambiental tem sido cada vez mais valorizada por consumidores e investidores; e, para finalizar, (5) o surgimento de normativas que exigem uma maior responsabilidade das empresas pelos impactos causados por seus produtos e serviços.

Sobre a pesquisa The Family 1000

Foi analisado o banco de dados com com 1061 empresas , metade estão na Ásia 49%  e 2% no Japão, 24% na Europa, 14% na América do Norte 6% (63) na América Latina- destas 2 brasileiras e muito bem conceituadas / pontuadas no índice ESG – MRV e Sulamérica

Das  empresas analisadas, cerca de 250 tem até 25 anos, 350 tem entre 25 e 50 anos , 200 tem entre 50 e 75 anos , 100 tem entre 75 e 100 e 150 tem mais de 100 anos de atividade.

Também foi realizada uma pesquisa qualitativa com 145 empresas familiares e 124 não familiares para investigar o impacto da pandemia da covid 19.

Desde 2006 as empresas familiares têm dado retorno para os acionistas acima dos demais ( das empresas não familiares), sendo os maiores retornos na Ásia e Pacifico e os menores na América do Norte.

Alguns resultados

  • as empresas em que os fundadores tocam os negócios são mais alinhadas com os critérios sustentáveis ESG, em comparação às outras empresas.
  • as empresas familiares têm visão de mais longo prazo para os investimentos do negócio
  • as empresas familiares apresentam desempenho financeiro e lucro melhores durante a pandemia do COVID

A pandemia teve um impacto importante nos rendimentos e na volatilidade do mercado acionário. Contudo, as empresas familiares demonstraram sinais de maior resiliência durante a pandemia.

  • As empresas administradas / controladas por famílias tendem a ser mais defensivas e suportar melhor os momentos de dificuldade

as empresas familiares são mais atentas a sustentabilidade e obtém na média, score ligeiramente mais alto de ESG que as não familiares – na média pois no quesito governança ainda ficam atrás das empresas não familiares

O gráfico abaixo mostra isso

https://www.credit-suisse.com/about-us-news/en/articles/media-releases/family-owned-businesses-show-resilience-through-pandemic-202009.html

 

Você já conhecia esse conceito do ESG?

Você imaginava que as empresas familiares podem ser mais lucrativas do que as nao familiares?

A força da inovação e do trabalho em conjunto no processo de sucessão

Sucessão é  mudança

Muitas pessoas discordam dessa afirmação mas hoje eu trouxe dois exemplos  – do Magazine Luiza, gigante no cenário brasileiro e que dispensa apresentações e de uma pequena empresa de consultoria italiana

A Magazine Luiza, está entre as 500 maiores empresas familiares do mundo, em um lista com apenas 12 empresas brasileiras. Frederico Trajano que hoje é o CEO da holding  é filho da Luiza Helena Trajano que é  sobrinha da fundadora Luiza Trajano Donato. Hoje a empresa está na 3a geração.

Frederico Trajano entrou na empresa da família em 2000, com a responsabilidade de trabalhar na área de comércio eletrônico. Vale dizer que a 1a loja virtual da Magazine Luiza entrou no ar em 1999. De 2000 até 2016, quando assumiu o lugar de CEO da holding, Frederico trabalhou em diversas ‘áreas

É  uma história de continuidade com muitas mudanças. A magazine Luiza nasceu como uma pequena loja de presentes em Franca (SP)  e hoje está presente em todo o Brasil oferecendo cada vez mais produtos para as famílias brasileiras. Talvez seu maior concorrente seja a Amazon, empresa que já nasceu digital.

Já a pequena empresa de consultoria italiana se chama Pugni Malago formada por Paolo Pugni e sua esposa Franca Malago em 1995. As empresas de consultoria estão entre os casos de empresas familiares em que a sucessão para a geração seguinte exige muito conhecimento, o business é  o conhecimento dos empreendedores / fundadores.

O casal trabalha com consultoria de vendas desde sempre. O setor de vendas hoje eh muito diferente daquele de 25 anos atrás, já mudou muito e continua mudando. Se no passado as empresas investiam dias em treinamento da sua força de vendas em seminários, convenções em hotéis, talvez hoje seja mais importante investir no pré venda, por exemplo Partindo da premissa que todos os produtos são de excelente qualidade, ninguém abre mão disso, o que vai fazer o seu cliente comprar de você e não do seu concorrente?

Em 2015 Paolo criou um canal no youtube, onde todos os dias falava com o seu cliente. Com o tempo ele viu que precisava de alguém para ajudá-lo na produção desses que são chamados produtos digitais – vídeos, podcasts, conteúdo para redes sociais, etc.  “Já que tinha que pagar para alguém, convidou o filho e depois o genro”

A empresa continua ensinando aos seus clintes como vender e aos poucos essa atividade, desenvolvida pela geração mais nova está ganhando força. A geração mais nova, entrou na empresa da família (dos pais) oferecendo uma ferramenta (tecnologia, desenvolvimento de produtos digitais) que está se transformando em um novo negócio da empresa.

Nos dois casos, a geração seguinte trouxe, para a empresa da família, conhecimento e competência necessários `a empresa

Sucessão exige o trabalho em conjunto das duas gerações

Mas, ao mesmo tempo que sucessão significa mudança, é  um processo que exige o trabalho em conjunto das duas gerações

No caso da Magazine Luiza , é  importante crescer, entrar no mundo digital mas as lojas físicas devem continuar existindo, não pode faltar o calor humano. Esse é  um valor da empresa, é  um propósito que não deve ser perdido de vista.

Muito provavelmente este valor já fazia parte da empresa, não precisava de ninguém para protegê-lo. Conheço da história da empresa o que é  publicado nos jornais e revistas mas já vi casos em que a euforia da geração mais nova transformou o negócio da família e passou por cima de alguns valores que eram importantes para os fundadores mas não para os sucessores.

Já no caso da empresa de consultoria italiana, a geração mais nova aprendeu com a geração mais velha a forma de contar a história, quais são os pontos que devem ser valorizados, o que é importante ser transmitidos para que os seus clientes comprem de você e não dos seus concorrentes. Aos pouco a geração mais nova aprende o que é  importante para a produção do conteúdo.

O core business da consultoria era ajudar seus clientes a venderem mais ou melhor e quando a geração mais nova ingressou na empresa, com o objetivo de apresentar esse produto, ou esse conhecimento de uma forma mais adequada às exigências do mercado, a família descobriu um novo negócio.

Primeiro Relatório de Empreendedorismo Familiar do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2019/2020

O GEM – Global Entrepreneurship Monitor eh uma pesquisa coordenada pela equipe do Babson College, que existe há 20 anos em quase 50 países. Na edição de 2019/2020, pela 1a vez, fizeram uma pesquisa sobre as empresas familiares

“Estudiosos e profissionais de negócios familiares há muito argumentam que as discussões sobre empreendedorismo devem incluir o empreendedorismo familiar”, disse o professor associado da Babson Matt Allen, coautor do relatório e diretor do Instituto de Empreendedorismo Familiar do Babson College. “Este relatório nos mostra que as discussões sobre empreendedorismo são, na verdade, discussões sobre empreendedorismo familiar.”        www.gemconsortium.org

Esse monitoramento traz dados sobre o empreendedorismo nesses 50 países e por incluir dados dos ambientes (contextos) onde os empreendedores e empreendimentos estão inseridos podem ser utilizados na criação de políticas públicas que auxiliam no crescimento dos negócios e da economia.

Em maio deste ano, eu publiquei um artigo  com dados sobre  a participação das famílias nos empreendimentos brasileiros. Naquela ocasião fiz uma análise dos dados encontrado no relatório geral. Para quem tiver interesse no assunto, aqui está o link para fazer o download dos relatórios do GEM.

Algumas das conclusões 

Algumas das conclusões do Primeiro Relatório de Empreendedorismo Familiar do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) 2019/2020, divulgado no dia 26 de outubro de 2020.

Setenta e cinco por cento dos empreendedores (de novos negócios)  e 81% dos proprietários de negócios já estabelecidos são co-proprietários e / ou co-gerenciam seus negócios com membros da família. Além disso, 62% dos proprietários de empresas estabelecidas afirmam que a maioria dos seus atuais funcionários são membros da família. 

Conceitos do GEM

É importante relembrar alguns conceitos do GEM

Para o GEM, empreendedorismo é qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou expansão de um movimento existente. Em ambos os casos, a iniciativa pode ser de um indivíduo, de um grupo de pessoas ou por empresas já estabelecidas.

Classificação dos empreendedores -Os empreendedores são divididos em iniciais e estabelecidos e essa classificação está relacionada com o fato do empreendimento já ter remunerado seu sócio ou não e o tempo de remuneração.

Os empreendedores iniciais podem ser nascentes (quando ainda não receberam salários ou qualquer remuneração por mais de 3 meses) e novos (os empreendimentos que já remuneram o seu fundador por um período entre 3 e 42 meses)

Empreendedores estabelecidos – possuem ou administram empreendimentos que já os remuneram de alguma forma por um período superior a 42 meses.

Comparativo das economias pesquisadas

Envolvimento da família no empreendedorismo 

No Leste e Sul da Ásia, a Tailândia mostra a maior atividade empreendedora total (TEA) com todos os empreendedores estabelecidos envolvendo a família.

Na Europa e na América do Norte, o envolvimento da família varia de 54% na Turquia a 90% na Polônia.

Em todas as economias latino-americana e caribenha participantes, mais de três quartos dos empresários envolvem a família em suas startups.

Formas de envolvimento da família no empreendedorismo

A forma mais comum de empreendedorismo familiar é a co-gestão sem co-propriedade. Ou seja, o empreendedor não possui sócios e convida pessoas da família para trabalhar com ele.   É muito raro que os empreendedores sejam co-proprietários, mas não co-administrem com a família – ou seja, sejam sócios e não trabalhem juntos.  

Muitas economias (Tailândia, Porto Rico, Bulgária, Reino Unido, Federação Russa, Chipre e França) não apresentaram evidências dessa forma. O nível mais alto pode ser observado na Argentina (18%).

Taxas de envolvimento da família na atividade empresarial estabelecida

Países vizinhos na Europa Central (Eslovênia, República Eslovaca, Polônia e Croácia), bem como a Bulgária, relatam que mais de 90% da propriedade de empresas estabelecidas envolve família.

Na América Latina, o envolvimento da família em atividades j’a estabelecidas é proporcionalmente alto na Argentina (92%) e é responsável por quase todas as empresas estabelecidas no Panamá (99%).

Formas de envolvimento da família na atividade empresarial estabelecida

Quase 40% ou mais dos empreendimentos estabelecidos em todas as economias envolve a família como co-gestores, mas não co proprietários, com exceção da China, onde representa apenas 9%. Quase todos os proprietários de empresas estabelecidas no Panamá (95%) e Madagascar (94%) têm familiares administrando com eles, embora sejam proprietários únicos ou tenham sócios não familiares.

Dados do Brasil

Tipo de Propriedade e administração / gestão dos empreendimentos brasileiros .

85% dos empreendedores brasileiros não possuem sócios. Dos 14% dos que afirmaram ter um ou mais sócios, 62,4% disseram que o negócio é em sua maior parte, propriedade de sua família ou de parentes. Em outras palavras, 9,17% dos empreendimentos são familiares.

Com esses dados podemos dizer que o empreendedorismo no Brasil é uma atividade desenvolvida em caráter individual ou familiar. Além disso, na pesquisa foi possível concluir que 74,5% dos negócios são gerenciados pelo empreendedor e /ou por seus familiares,

 

Contas separadas é uma necessidade, mas a mistura do dinheiro é uma realidade para muitos empreendedores.

A separação do que pertence à conta da empresa e a conta pessoal é um dos desafios da de qualquer empresa na sua fase inicial. E a duração desse tempo inicial pode variar bastante de uma família para outra.

Certa vez, um jovem que trabalha com os seus pais falou: “O negócio lá é tocado de maneira muito familiar, o que eu considero ruim para o negócio e para a vida pessoal, principalmente na questão das finanças (…) Os meus pais não conseguem separar o que é dinheiro deles e o que é dinheiro dos negócios. Eles não conseguem separar o que lucro do que é salário, para eles é tudo a mesma coisa, é tudo um dinheiro só. Os gastos pessoais – se eles vão viajar, as compras do mês, do supermercado para casa é o mesmo dinheiro que vai pagar o funcionário da empresa” .

E também tem funcionário que conta “ o boleto da escola das crianças, do plano de saúde da família são pagos pela empresa.”

Muitas vezes um negócio em sua fase inicial tem muito mais despesas do que receitas e o empreendedor “precisa pagar para o negócio existir”. Todo o dinheiro sai da conta pessoal, mas esse é o investimento inicial que em algum momento precisa ser retornado ao empreendedor.

É muito importante que as pessoas entendam que salário e divisão de lucros são coisas diferentes. É muito tentador colocar o carro de uso pessoal no nome da empresa – o seguro pode ser mais barato, as multas não vão para o meu nome (e assim não perco ponto na carteira nacional de habilitação), mas é a família quem precisa estar a serviço da empresa e não ao contrário – essa é a principal dica que dou para todas as empresas familiares.

Quando você separa o dinheiro, você pode perceber, por exemplo, que a empresa é sim bastante lucrativa, talvez ela não possa dar conta de um estilo de vida mais sofisticado que você gostaria de ter.

Quando a empresa tem muitos sócios, ela pode não ter folego para pagar as despesas de todos eles. Nas empresas maiores, o carro e o plano de saúde podem ser benefícios para os funcionários e se você deseja que a sua empresa arque com esses custos seria interessante ter uma política bem definida. Ter limites claros e bem definidos é uma outra valiosa dica.

Será que é possível separar a vida pessoal da vida profissional?

A vida profissional está contida na nossa vida pessoal. Uma faz parte da outra e mesmo que você trabalhe em uma empresa familiar, seja empreendedora ou colaboradora de uma empresa, sempre haverá uma interferência.

Como temos papéis e funções diferentes na empresa e na família podemos separar o que pertence a um sistema do que pertence ao outro. Sim. É possível. Contudo, é importante que os limites sejam claros e bem definidos para que a gente consiga fazer essa separação.

Por exemplo, se um membro da família é gerente de RH na empresa e membro do conselho de acionistas, ela tem três papéis com funções bem diferentes. Não pode falar de treinamento e desenvolvimento no almoço de família, da mesma forma que não deve organizar a festa de aniversário das crianças no ambiente de trabalho.

Durante a quarentena, e nesses meses de isolamento social, os casais que trabalham juntos têm vivido situações estressantes. Foi estressante para todos, mas para quem trabalha junto e divide o mesmo tempo foi desafiador.

“Eu trabalho com o meu marido e vivemos uma situação bem estressante. Eram muitas cobranças o tempo todo. ”

Algumas dicas para quem vive essa situação, lembrando de que os limites são fundamentais:

– criar dias e horários para as reuniões de trabalho e que elas tenham uma agenda de temas a serem discutidos;

– ter claro quais são as funções e papéis de cada um, em casa e no trabalho. As pessoas geralmente não estipulam isso, as coisas vão acontecendo, cada um pega para si as atividades que mais gosta de fazer. Quando o volume de trabalho aumenta, com o crescimento da empresa surge a necessidade de organizar melhor as funções, atividades, metas.

– não tomar decisões com a “cabeça quente”. Nos momentos de raiva e irritação, a gente tende a dizer coisas, que geram arrependimentos para um e que o outro nunca vai esquecer.

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Dica importante: “Não evite conversas difíceis”

Muitas situações de estresse são causadas porque as pessoas evitam alguns temas importantes. E, muitos dos problemas de relacionamento são causados por dificuldades de comunicação.

Por exemplo, quando a pessoa evita uma conversa, ou um tema delicado, ela comunica que não quer falar sobre aquilo. A comunicação franca, clara e transparente é muito importante em todos os relacionamentos humanos e nas empresas familiares, é fundamental que os membros da família falem sobre seus desejos, suas aspirações e objetivos e, também sobre as expectativas que os pais têm para os seus filhos.

Quando as expectativas são diferentes, as conversas se tornam ainda mais necessárias, pois elas são capazes de:
(i) reduzir os conflitos entre os membros da família,
(ii) promover uma maior cooperação entre sêniores e juniores (pais e filhos) que vão trabalhar juntos pelo alcance de um objetivo comum; e
(iii) criar uma harmonia entre tradição e inovação, sobretudo, quando e se os propósitos, interesses e ideais das diferentes gerações estiverem alinhados.

No trabalho com gerações diferentes (pais e filhos) e /ou com pares (no caso de casais ou irmãos) que trabalham juntos, pode haver a polarização do tema e das ideias.

 

 

A  figura mostra que “quando um está certo o outro não está necessariamente errado”. Conversar sobre pontos de vistas diferentes pode apresentar uma nova solução que satisfaça às partes envolvidas.

A maior parte do meu trabalho com as famílias tem sido como facilitadora das conversas difíceis com o objetivo de descobrir ou construir o sonho compartilhado pela família.

Se você estiver evitando um tema difícil e quiser trocar uma ideia comigo, envie um email. Muitas vezes, a solução é bem mais simples do que você imagina.