O impacto da entrada das mulheres no mercado de trabalho

Já que estamos no mês de comemoração do Dia Internacional da Mulher gostaria de dedicar esse comentário às mulheres que têm transformado o mundo dos negócios.

De um tempo pra cá – e não faz tanto tempo assim – as mulheres têm conquistado posições de destaque no mercado de trabalho e têm deixado uma marca, bastante feminina, no mundo dos negócios.

Homens e mulheres são diferentes. No final dos anos 90 John Gray escreveu o livro “Homens são de marte e as mulheres são de Vênus” apresentando homens e mulheres como habitantes de diferentes planetas e que por isso, possuem além de um idioma próprio, regras de comportamento específicas de cada planeta.

Há quem diga que, no mundo empresarial, os homens focam nos resultados e as mulheres influenciam no processo. Os homens têm a visão focada, as mulheres a visão sistêmica. De fato eles são diferentes, mas quando trabalham em equipe, se complementam.

Atualmente fala-se na feminização do mercado de trabalho, isto é, a valorização de características femininas, tais como: a) a capacidade de exercer várias funções ao mesmo tempo, de cuidar de várias coisas ao mesmo tempo e b) a facilidade de ouvir e de se relacionar com os vários membros da equipe e a preocupação com as pessoas que estão próximas. Além disso, as mulheres são mais sensíveis, elas sabem que  o mercado precisa ser analisado e sentido.

Tais características fazem parte do universo feminino, construído ao longo do tempo, e são, ainda hoje, reforçadas pela educação tradicional. Desde crianças, as meninas brincam com a casinha inteira enquanto que os homens precisavam se contentar com a garagem. As meninas podiam chorar quando estavam chateadas ou por qualquer razão bobinha, já os meninos cresceram ouvindo que “homem não chora”. Além disso, mesmo as mulheres que não são mães aprenderam com as suas mães a mediar os conflitos em casa e, por isso tendem a ser e estar mais disponíveis para os membros da sua equipe de trabalho.

Vale lembrar que, cada vez mais os homens têm procurado desenvolver essas características – consideradas femininas, mas muito  valorizadas no mercado de trabalho – e essa transformação no mundo dos negócios é um dos impactos da entrada da mulher no mercado de trabalho e do alcance de posições de liderança.

O papel das mulheres na sociedade atual

No mês em que se comemora o Dia Internacional das mulheres vou dedicar os posts a elas, ou melhor, a nós!

Pois bem, e qual é o papel na mulher na nossa sociedade? O que é esperado das mulheres atualmente? É de fato muito difícil responder de forma adequada, precisa, ou generalizada sobre “qual é o papel das mulheres”, mas é possível afirmar que são muitas as expectativas e maiores ainda são as cobranças que vem de fora (dos outros) e aquelas que as próprias mulheres se impõem.

A mulher de hoje precisa trabalhar fora, precisa ser financeiramente independente, mas precisa ter tempo para cuidar da casa do marido e dos filhos. Ela também precisa se cuidar – fazer ginástica, ir ao salão de cabeleireiro, estar na moda, ter tempo para as saídas com as amigas etc. São as mulheres de mil e um papéis.

Mesmo aquelas que optam por um estilo de vida diferente – ou porque preferem não trabalhar fora para cuidar dos filhos pequenos ou, ao contrário,  preferem investir na sua carreira profissional e não ter filhos, ainda precisam se explicar, dar justificativas para os outros. Costumo dizer que a vida moderna não é muito justa com as mulheres ….

O melhor momento para a carreira deslanchar é também o melhor momento para investir na maternidade. Para as que optam pelas duas alternativas, as dúvidas são muito freqüentes. Será que estou dando conta do meu papel no trabalho, em casa, na família? Será que não estou priorizando um lado em detrimento do outro?

Em função da data comemorativa de 8 de março a mídia nos faz refletir sobre essas questões trazendo histórias de vida mulheres que se destacam nas suas escolhas. Dedico esse post a todas as mulheres que conseguem, nas 24 horas do dia (ou em parte delas), dar conta de todos os seus afazeres – sejam eles quais forem.

Março – o mês das mulheres

No mês de março, mais precisamente no dia 8, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e por isso quero deixar os parabéns a todas as mulheres que de alguma forma contribuem ou já contribuíram para o desenvolvimento de empresas e de empreendedores; em especial …

– às mulheres empreendedoras, que estão a frente de um negócio;

– às mulheres de fibra, de que estão a frente de uma família – mães ou esposas de empreendedores;

– às filhas dos empreendedores – sucessoras, herdeiras ou apenas meninas que ainda não entendem porque seus pais trabalham tanto; e,

– às funcionárias, mulheres que trabalham, vestem a camisa da empresa e fazem parte de uma engrenagem que não pode parar.

Essa é apenas uma homenagem para quem faz tanto todos os dia.

De volta ao trabalho

Bom, antes de mais nada quero justificar a minha ausência nesses meses …

Precisei dar um pouco de atenção em casa e, por um perído de tempo, fiquei longe das salas de aula e acabei não atualizando o blog. Uma pena pois são duas atividades que me dão muito prazer.

Quem tem filhos pequenos sabe exatamente o que é isso. Constatemente somos obrigadas a fazer escolhas e, costumo dizer que não é fácil.

O melhor período para o crescimento profissional coincide com o melhor período para a maternidade. Por mais que digam que a Medicina evoluiu bastante, que hoje em dia as mulheres optam por ter filhos mais tarde e/ ou optam por ter uma família menor (com menos filhos), a maternidade não é um projeto que possa ser adiado por tanto tempo e sempre vai exigir uma grande disponibilidade e um grande investimento – financeiro e emocional!.

Ao mesmo tempo, as oportunidades de crescimento profissional aparecem e se você não estiver disponível para agrrá-las, outras pessoas estarão! Injustiça? Não, são escolhas!!!

Algumas mulheres optam pela maternidade, outras optam pela carreira profissional, outras se dividem com muita culpa , outras sem culpa nenhuma. De qualquer forma, essa é uma questão que está diretamente relacionada com o planejamento de vida de cada pessoa e / ou de cada família.

Vou escrever um outro post com alguns exemplos de mulheres que fizeram escolhas diferentes e se consideram satisfeitas e felizes.

Outras motivações das mulheres empreendedoras

É sabido que muitas mulheres ainda optam por abrir o seu negócio, pois essa seria uma maneira de contribuir com a renda familiar. Essas seriam as empreendedoras por necessidade. No post anterior escrevemos sobre as empreendedoras que identificaram uma nova oportunidade de negócio – são as empreendedoras por oportunidade, as inovadoras. 

 

Além das empreendedoras por necessidade e daquelas por oportunidade, temos visto casos de profissionais extremamente competentes, dedicadas ao trabalho e reconhecidas como pessoas bem sucedidas que, em um momento da vida, optam por mudar de carreira, abrir um negócio para assim, ter uma flexibilidade de horário e poder acompanhar o desenvolvimento dos filhos.

 

Costumo dizer que não é fácil abrir uma empresa quando não se tem todo o tempo do mundo para se dedicar a ela. Assim como um bebezinho, uma empresa nascente precisa de muita atenção para crescer, mas algumas mulheres preferem abrir mão daquela carreira frenética e se dedicarem – no tempo que for possível – a um novo projeto de vida que lhes proporcione o bem-estar de estarem inseridas no mercado de trabalho e alguma rentabilidade.

 

Este é um movimento que tem crescido mas que ainda é pouco valorizado. Contudo, nossa experiência tem demonstrado que esses negócios começam muito devagar e podem futuramente deslanchar. É como se nessa fase inicial, essas empreendedoras estivessem fazendo a sua pesquisa de mercado – estão se aproximando dos clientes, conhecendo melhor seus interesses, estão testando os produtos e, sem muita pressa, conseguem identificar o melhor produto ou o melhor serviço.

Mulheres Empreendedoras

 

 

A Revista PME Exame de fevereiro de 2012 trouxe a seguinte matéria de capa: Mulheres no comando – porque um número crescente de empreendedoras tem sido responsável pelo avanço de muitas das empresas emergentes no Brasil.

 

De acordo com a reportagem, desde 2007, 10 milhões de mulheres iniciaram um negócio próprio no Brasil e hoje elas já representam metade do número dos empreendedores brasileiros.

 

A reportagem também apresenta dados do GEM – Global Entrepreneurship Monitor sobre o crescimento do número de empreendedoras no Brasil. Em 2001, 58% das mulheres abriram um negócio, pois haviam identificado uma oportunidade de negócio. Em 2011, esse número cresceu e, ter identificado uma oportunidade de negócio foi a principal motivação para 69% das mulheres empreendedoras.

 

Além do número de mulheres empreendedoras estar crescendo, a reportagem chama a atenção para duas questões importantes. (1) Alguns cursos de graduação ainda têm muito mais alunos do sexo masculino nas salas de aula, o que as deixa em desvantagem quando o assunto é inovação em áreas predominantemente masculinas, tais como: engenharia de computação, do petróleo entre outras. (2) A necessidade de a mulher encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal. De fato, o trabalho, e principalmente a carreira profissional está contido em um planejamento maior, no plano de vida de uma pessoa. Optar pela maternidade, pela carreira ou pelas duas coisas não é uma tarefa fácil e que pode impactar no número de novas empreendedoras.

 

 

Mulheres de mil e um papéis

 

No mês de março, mais precisamente no dia 8, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres.

 

Pois bem, e qual é o papel na mulher na nossa sociedade? O que é esperado das mulheres atualmente? Muito difícil responder qual é o papel das mulheres, mas é possível afirmar que são muitas as expectativas e maiores ainda são as cobranças que vem de fora (dos outros) e aquelas que as próprias mulheres se impõem.

 

A mulher de hoje precisa trabalhar fora, precisa ser financeiramente independente, mas precisa ter tempo para cuidar da casa do marido e dos filhos. Ela também precisa se cuidar – fazer ginástica, ir ao salão de cabeleireiro, estar na moda, ter tempo para as saídas com as amigas etc. São as mulheres de mil e um papéis.

 

Mesmo aquelas que optam por um estilo de vida diferente – ou porque preferem não trabalhar fora para cuidar dos filhos pequenos ou, ao contrário,  preferem investir na sua carreira profissional e não ter filhos, ainda precisam se explicar, dar justificativas para os outros. Costumo dizer que a vida moderna não é muito justa com as mulheres …. o melhor momento para a carreira deslanchar é também o melhor momento para investir na maternidade. Para as que optam pelas duas alternativas, as dúvidas são muito freqüentes. Será que estou dando conta do meu papel no trabalho, em casa, na família?

 

Em função da data comemorativa de 8 de março a mídia nos faz refletir sobre essas questões trazendo histórias de vida mulheres que se destacam nas suas escolhas. Dedico esse post a todas as mulheres que conseguem, nas 24 horas do dia, dar conta de todos os seus afazeres – sejam eles quais forem.

 

 

uma reflexão sobre as nossas crenças

 

Dediquei os posts anteriores ao dia dos avós e aos valores que aprendemos com a nossa família.

 

No mês de julho sai de férias com a minha família e são nesses momentos, em família, que temos a oportunidade de observar, mais de perto, os nossos filhos e de refletir sobre nossas crenças e os ensinamentos que transmitimos.

 

Educar não é uma tarefa fácil e sempre ouvi dizer que os pais erram querendo acertar. No dia 11 de julho saiu uma matéria na revista Época falando sobre como a educação dos jovens, nos dias de hoje, tem tornado despreparada a geração mais preparada. A matéria circulou pela Internet, está publicada em vários blogs e está dando o que falar. Vale a pena dedicar um tempo a leitura deste texto.

 

A crença de que a felicidade é um direito tem tornado despreparada a geração mais preparada

ELIANE BRUM

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00.html
ELIANE BRUM é jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo).

E-mail: elianebrum@uol.com.br  Twitter: @brumelianebrum

Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

 Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.

O que aprendemos com os nossos avós?

 

O que aprendemos com os pais dos nossos pais? A terapia de família valoriza bastante a herança de mitos, ritos e valores que são passados de pai para filhos.

 

Cada família possui uma herança que é única. às vezes, famílias de uma mesma região possuem hábitos parecidos, com significados semelhantes mas as famílias são únicas e o que aprendemos com as nossas famílias são os valores que nortearão nossas escolhas, nossas ações.

 

Certa vez, em um dos eventos sobre empresas familiares que promovi na PUC-Rio, um dos palestrantes – herdeiro de uma família que controla um grupo de empresas de sucesso / prestígio no Brasil – estava falando sobre os valores que fazem parte da sua família e, algumas pessoas da platéia queriam anotar todos aqueles valores. Muito simpático, o palestrante disse que não teria problema em repetir aqueles valores, mas deixou claro que aqueles eram os valores da sua família e faziam sentido na empresa da sua família. Ele ainda sugeriu que cada um pensasse sobre quais são os valores aprendidos com as suas famílias. Quais desses valores podem ser os valores da empresa da sua família? Não faz sentido copiar os valores dos outros a não ser que aqueles reflitam os seus próprios valores.

Dia dos avós

 

Dia 26 de julho é comemorado o dia dos avós. Há quem diga que os avós servem para mimar e até estragar os netos. De fato essa é apenas uma visão do papel dos avós nos dias de hoje.

 

Temos presenciado situações em que os avós são o suporte emotivo e até financeiro de muitas famílias. Os avós ficam com seus netos enquanto seus filhos estão trabalhando,  outros contribuem com a sua aposentadoria para aumentar a renda da família.

 

Quando o assunto são as empresas familiares, podemos afirmar que muitos avós foram os responsáveis pelo início de um negócio que, hoje, garante o sustento de toda a família. Em algumas empresas podemos encontrar três gerações que dividem o mesmo espaço e tentam manter a harmonia apesar das diferentes (e, as vezes, contraditórias) opiniões.

 

Os avós estão envelhecendo com muita saúde e disposição, além disso, trabalhar na sua própria empresa pode gerar uma enorme satisfação e um sentimento de não querer se aposentar que é cada vez mais comum, o avô passar o bastão da sua empresa para o neto e não mais para  seu filho.

 

Temos presenciado fundadores que trabalham até quase os 80 anos de idade. Seus filhos, com quase 60, já não pensam mais em ocupar o posto de sucessor e deixam-no para os seus filhos.

 

Não estamos dizendo que esta seja uma opção boa ou ruim, é uma constatação de algo que vem acontecendo. E, já que essa é uma realidade, deixamos uma dica para os avós e netos que já trabalham juntos: “ os tempos são outros, os aprendizados são diferentes – os mais velhos possuem um conhecimento tácito de longa data, os mais novos, um conhecimento formal, adquirido recentemente na escola, na universidade – e, apesar de serem conhecimentos diferentes eles não precisam ser excludentes, podem ser complementares. Saber respeitar e aproveitar o conhecimento de cada um pode ser um dos segredos para o sucesso da empresa.”