Pró-labore, salário, mesada, distribuição de lucros e a confusão entre contribuição e compensação nas empresas familiares.

Por Carla Bottino

Pró labore não é distribuição dos lucros

Pró-labore é a retribuição recebida pelo sócio de uma empresa pelo trabalho por ele prestado. O valor do pró-labore deve ser definido de acordo com o salário médio pago pelo mercado aos profissionais que desempenham a mesma função e, de acordo com a capacidade financeira da empresa.

Alguns empresários trabalham, trabalham e não sabem qual é o seu pró-labore; alguns chegam a dizer que só contribuem com a empresa mas não são devidamente compensados. Talvez isso aconteça, mas sugiro que essas pessoas pensem bem e comecem a anotar todas as despesas pessoais que são pagas pela empresa – as contas de casa, a escola das crianças, o carro da família, a gasolina para a viagem de férias pelo litoral entre outras coisas.

Tenho visto empresas que davam conta dos gastos de uma família, depois, os filhos entraram na empresa e agora a empresa precisa dar conta de 3 famílias –  a família do fundador e a família que cada um dos filhos que foi trabalhar na empresa. Provavelmente as contas não batem e, com essa prática, as famílias estão, pouco a pouco, descapitalizando as empresas que podem sofrer com uma possível falta de capital de giro.

 

Salário não é mesada!

Independente de ter ou não a qualificação necessária para trabalhar na empresa da família muitos dos herdeiros tendem a entrar na empresa do pai (ou da mãe). As razões são as mais variadas … o mercado de trabalho está muito concorrido, o que o mercado paga não é um salário digno para manter meu padrão de vida, meus pais estão precisando de ajuda, já que investiram tanto na minha educação que devo isso a eles e etc.

As motivações para entrada da geração mais nova na empresa podem ser várias, entretanto, uma coisa deve ficar clara desde o início – salário não é mesada! O pai pode combinar o valor que quiser (e puder) para a mesada do seu filho, mas o salário dele deve estar de acordo com o salário de mercado ou com o salário pago pela empresa, pois uma discrepância entre contribuição e compensação (remuneração) pode causar um grande desconforto entre os outros funcionários da empresa, que não tiveram a sorte de fazer parte da família.

Os funcionários que não são membro da família, mas trabalham na empresa de uma família podem se sentir ameaçados, desprestigiados e desvalorizados pelo excesso de benefícios que os familiares recebem. Como vivemos em uma época em que os bons funcionários são responsáveis pela competitividade das empresas, devemos ter muito cuidado com aqueles que estão trabalhando e vestindo a camisa da nossa empresa.