Porque algumas famílias “rompem” seus laços afetivos?

Depois dos posts anteriores – o que escrevi sobre a possibilidade de preservar o patrimônio familiar sem destruir os laços afetivos e o que eu trouxe dois exemplos de famílias em que o dia a dia no trabalho parecia ser mais importante do que o relacionamento familiar e social – recebi algumas mensagens com diversas histórias de rompimentos familiares decorrentes, principalmente, de desentendimentos nos negócios.

De fato, todo mudo tem uma história para contar. A mídia nacional também já noticiou algumas brigas de família que acabaram levando empresas à falência, mas por que isso acontece com tanta freqüência? O que faz com que as pessoas briguem com os seus familiares?

Geralmente as brigas e rompimentos acontecem a partir da 2ª geração dos dirigentes, ou seja, quando os filhos do fundador são os responsáveis pelo negócio … Agora, várias pessoas são os “donos do negócio” e nem sempre é fácil tomar uma decisão que seja do agrado de todos. Provavelmente, nos trabalhos em equipe – e uma empresa com vários sócios com igual participação pode ser comparada com uma equipe – nem todos pensam da mesma forma e para que se chegue a uma decisão é importante que, mesmo quem pensa diferente, diga “ok, acho que posso conviver com essa decisão” ou “Não penso dessa forma, mas vocês trouxeram argumentos tão coerentes que posso aceitar essa decisão!”

Entretanto, muitas vezes, apoiar a decisão de alguém pode significar preferir essa ou aquela pessoa e, a velha rivalidade fraterna, conhecida por todos, surge de forma inconsciente (sem que os membros da família percebam) e ela pode minar o relacionamento entre irmãos e, prejudicar a produtividade da empresa.

Quando pai e filhos trabalham juntos pode acontecer ( e acontece com muita freqüência) dos filhos terem opiniões divergentes mas quem decide é o pai, o dono do negócio ou porque é ele quem manda, ou em respeito ao patriarca da família ou para evitar os tais desentendimentos na família.

Outro desencadeador de sérias brigas entre familiares é perceber que a empresa tinha condições de manter o padrão financeiro da família e, de uma hora para outra isso não é possível, até porque, o fato das contas não fecharem traz uma grande desconfiança … “Provavelmente tem alguém roubando!”

Se pensarmos em uma família em que os pais têm uma empresa e eles tiveram 3 filhos que também foram trabalhar na empresa. Com o tempo, esses filhos casam, cada um constrói a sua família, e a empresa que sustentava uma família com 5 pessoas, agora é a responsável pelo sustento de quatro família – a família do fundador e a família de cada um dos três filhos. Mesmo que o país cresça, que os negócios prosperem e que essa empresa seja bastante competitiva, a família cresce em progressão geométrica, ou seja, em um ritmo muito mais acelerado.

Esses dois talvez sejam os motivos mais comuns seguidos ainda pela falta de diálogo que pode causar uma série de dificuldades relacionais.