Nem sempre escolhemos os nossos sócios

Existe um ditado popular que diz o seguinte “quem tem sócio, tem patrão, tem que dar satisfação!” E faz todo sentido.

Nas empresas familiares, sobretudo nas que já estão na 2a ou na 3a geração, os sócios não se escolheram; Eles herdaram um negócio e por várias circunstâncias optaram por permanecer no negócio e administrá-lo em conjunto. (Vale ressaltar que, apesar das possíveis alternativas, muitas das pessoas que herdam uma empresa, acreditam que devam administrá-la. É possível contratar um profissional / executivo para isso; é possível vender o negócio ; é possível escolher um dos familiares – o mais competente – para administrar a empresa mas, para muitos herdeiros, o cominho a seguir parece ser o de dar continuidade aos negócios da família, sendo eles os sucessores)

Se pararmos para pensar, nos daremos conta de que passamos muitas horas do nosso dia no trabalho; é o trabalho e, principalmente, a contribuição que recebemos pelo nosso esforço que define nosso padrão e estilo de vida. Em outras palavras, o trabalho ocupa uma posição central na nossa vida e, ainda assim, encontramos pessoas que não gostam do que fazem, não estão satisfeitas com os resultados e pessoas que têm grandes dificuldades de se relacionar com os seus pares – colegas de trabalho – sejam eles familiares ou não.

Para algumas pessoas, pode soar estranho, mas as dificuldades relacionais entre membros da mesma família que trabalham juntos são muito mais frequentes do que poderíamos imaginar, principalmente quando os sócios não se escolheram para sócios. O relacionamento entre irmãos, por exemplo, é permeado por uma série de sentimentos ambivalentes.

É em casa, com os irmãos, que aprendemos a dividir tempo, espaço e atenção; é com os irmãos que aprendemos a negociar – qual canal de televisão assistir, quem toma banho primeiro. É com os irmãos que rivalizamos e disputamos o posto de filho preferido, de filho mais inteligente e, é com os irmãos que aprendemos o que é cumplicidade e o que podemos fazer para minimizar ou afrouxar um castigo.

O relacionamento entre irmãos começa muito cedo, na infância, em casa e, apesar da convivência no ambiente de trabalho, pode ser muito difícil separar os sentimentos pertinentes ao irmão, em casa, em família, daqueles referentes ao irmão – par, parceiro – no ambiente de trabalho.

A necessidade de se diferenciar dos nossos familiares faz com que cada um assuma papéis diferentes. Somos iguais, pertencemos a uma mesma família, temos o meso sobrenome e a mesma origem, mas somos diferentes , temos as nossas próprias características.
Essa diferença pode ser extremamente positiva para os negócios mas pode ser um problema nas famílias que não conseguem tolerar o diferente apesar de ser um diferente entre iguais.

Ultimamente tenho trabalhado com muitos grupos de irmãos e, por isso optei por dedicar os próximos posts a esse assunto.