Mulheres nas empresas familiares

Por Carla Bottino

Durante muito tempo, o lugar de mulher era em casa cuidando dos filhos, da casa, do mundo privado da família. Só ela estava preparada para isso! Mulher não trabalhava fora, não montava o seu próprio negócio e não poderia ser a sucessora do seu pai nos negócios da família.

Apesar do cenário atual ser bastante diferente, ainda encontramos famílias tradicionais em que o lugar da mulher continua sendo a casa e, mesmo estando longe da empresa, algumas mulheres, principalmente as esposas, podem ter uma grande influência nos negócios da família.

Qual é o papel da mulher na empresa familiar? Responder essa questão não é uma tarefa fácil, pois depende da empresa, depende da família e de outros tantos fatores.

Na minha experiência com empresas familiares encontrei mulheres que eram donas de casa, as “matriarcas” da família e que tinham como função reunir os membros da família e manter a harmonia familiar. Encontrei mulheres empreendedoras que montaram seus próprios negócios, aquelas que herdaram um negócio de família; as que se tornaram “as sucessoras” por falta de opção e algumas (ainda muito poucas) que foram escolhidas como as sucessoras. As mulheres dos empreendedores também são mulheres especiais.
Recentemente encontrei um texto no internet, um empreendedor falando sobre a mulher do empreendedor, em especial sobre a sua mulher. Nada que eu escrevesse seria mais real do que o próprio empreendedor agradecendo à sua esposa por entendê-lo e, por isso pedi autorização para divulgar o texto no portaltudoemfamília.

“A Bia, minha mulher sempre diz: Muito pior do que o empreendedor é a mulher do empreendedor!

Ela não é a dona do negócio, mas acorda de madrugada junto com a gente. Ela não entende tanto assim do negócio, mas tem de ouvir horas e horas de conversas, de explicações, de pirações, de problemas, de soluções, de idéias e tem ainda de compreender tudo!

Ela não sonha de olhos abertos, mas tem que ser capaz de curtir o nosso sonho junto conosco, vivendo e sentindo cada pequena vitória, cada pequena conquista, cada momento que, por mais simples que seja, pode nos inebriar por horas.

Ela mais sofre do que se beneficia com tudo isso, mas tem que saber apostar, trocar horas de lazer por mais horas de trabalho, entender que trabalho para nós é hobby, que chegar cedo no escritório na segunda-feira é divertido e que quando nos dedicamos por 12, 14, 16 horas diárias ao que fazemos é com um prazer enorme.

Ela em que saber enxergar o futuro e conseguir perceber que se nos tirarem a capacidade de sonhar, de querer mudar o mundo, de fazer diferente, nos tornaremos uns frustrados, uns chatos, uns babacas completos. Tem que entender que dinheiro é importante, afinal ninguém paga as contas com sonhos, mas que ele é conseqüência e não fim, e que para nós, nos focarmos apenas nisso, em uma simples ocupação a ser trocada por dinheiro, é algo terrível, matador, absolutamente incompreensível.

Ela tem que saber nos apoiar mesmo nos piores momentos, nos jogando pra cima, nos incentivando, nos fazendo pensar de outro modo, tentar outros caminhos. Tem que ter uma habilidade fantástica para nos ajudar a enxergar quando um negócio não vai mesmo dar certo e nos ajudar a virar a vida para outra coisa. Tem que nos mimar, nos ninar, nos tratar como bebês quando estamos desanimados com o negócio. E tem que entender que não amamos o negócio em primeiro lugar, que nossa vida pessoal é super importante, mas empreender também é pessoal, portanto faz parte desta mesma vida.

Ufa! A Bia tem razão. Muiiiito pior que o empreendedor – que é um maluco por natureza – é mesmo a vida da mulher do empreendedor. Obrigado Bia por me entender do jeito que você me entende!”

Bob Wollheim www.empresabrasil.com.br