Trabalho remoto – 6 areas para as empresas investirem

Em uma pesquisa realizada recentemente Women in the Workplace 2020, com 40 mil entrevistas de funcionários de 317 empresas americanas, foi identificado que:

O ano de 2020 foi difícil para muitos funcionários que tiveram dificuldades em realizar suas tarefas e, as mulheres parecem ter sido as mais prejudicadas, sobrecarregadas com o novo formato de home office.

Apesar das empresas terem que correr para adotar e se adaptar ao trabalho remoto, em função da pandemia, da COVID 19, para mais de 90% das empresas mais trabalhos podem ser feitos a distância e cerca de 70% dos funcionários vão trabalhar a distância por pelo menos mais 1 ano.

O relatório traz algumas dicas para as empresas ajudarem seus funcionários a lidarem melhor com o home office.

Como as dicas  servem para quem trabalha em casa, independente do motivo – pandemia, mãe empreendedora etc, achei que valeria a pena compartilha-las aqui.

1 – rever as metas de antes e analisar se elas ainda são viáveis –

Trabalhar em casa, com as inúmeras e inevitáveis interferências não é o mesmo que trabalhar no escritório e por isso as metas precisam ser revistas.

Ao mesmo tempo em que muitas pessoas se sentiram muito bem de trabalhar em casa, algumas mulheres se ressentiram bastante, não só pelo volume do trabalho, mas porque, quando você tem filhos pequenos, sair para trabalhar significa recuperar as baterias, espairecer. Não se sinta culpada por isso, muitas mulheres falam sobre isso!

2 – ter uma rotina

Quando as pessoas trabalham em casa, não existe um limite entre o trabalho a vida pessoal /doméstica. As pessoas sentem que precisam estar disponíveis o tempo todo, que precisa responder e-mails nos finais de semana, talvez por se sentirem culpadas por terem que parar antes do horário de almoço para preparar a comida, por exemplo.

Se você trabalha em um escritório e almoça no restaurante, a rotina é diferente de trabalhar em casa e ter que preparar a própria comida e isso está claro para os líderes de equipes.

Se você trabalha em casa, é importante criar rotinas, definir regras e horários. Se você tem uma equipe é preciso combinar isso com as outras pessoas. As vezes cabe à empresa 8aos lideres de equipe) ajudar os funcionários a se organizarem, mostrar aos funcionários que sabem que estando em casa, eles precisam fazer a comida, lavar a louca, cuidar das crianças.

3 – redefinir o tipo de avaliação

É muito importante rever as metas, mas também é imprescindível estabelecer como elas serão cobradas e qual é o tipo de avaliação que será feita.

Se você trabalha para uma empresa é preciso conversar com a equipe para que estes pontos fiquem claros. Se você é um empreendedor é preciso ter maturidade para entender que trabalhar em casa, tendo que cuidar das atividades domésticas é bem diferente de se dedicar exclusivamente ao trabalho.

4 – investir na saúde mental do trabalhador, seja ele um funcionário ou você empreendedor. Por exemplo, neste período de pandemia muitas empresas criaram programas de saúde mental para os seus funcionários – apoio psicológico, técnicas de meditação, de relaxamento, mas, é importantíssimo divulga-los. Os funcionários precisam saber que existem esses programas e como eles podem fazer para usufrui-los.

Se você é um empreendedor, tenha um tempo para você. Pode ser meditação, terapia, algumas horas de exercícios físicos por semana.

Para as empresas que adotam o home office algumas ações podem ser uteis para diminuir o sentimento de inadequação ou de sobrecarga das mulheres, sobretudo as que tem filhos pequenos ou pais mais velhos que exigem cuidados.

5- implementar treinamentos sobre igualdade de gênero – sim. o mundo ainda é muito desigual. Falar sobre isso é muito importante.

6- adotar uma comunicação aberta e frequente com os funcionários reduz a ansiedade e aumenta a confiança dos dependentes

Você tem alguma dica de como enfrentar o home office de uma forma leve? Comente aqui!

O impacto do trabalho remoto na vida das famílias

Bom, apesar de não ser um tema “original”, eu gostaria de dividir com vocês algumas reflexões sobre o impacto do trabalho remoto na vida das famílias. Eu escrevi este texto em agosto de 2020, depois de uma live , aqueles bate papos organizados no aplicativo Instagram que ficaram na moda durante o isolamento social.

As famílias estão sempre se adaptando às tarefas e desafios de cada nova fase e esses meses de pandemia, home office, didática a distância estão sendo de muita negociação e muitos ajustes em casa!

O mundo parou! As escolas fecharam, as pessoas passaram a trabalhar de casa, ninguém podia sair de casa, a não ser para motivos de extrema necessidade. A COVID 19 exigiu uma reorganização na vida das pessoas no mundo inteiro.

Impactos na organização do espaço

Os filhos estudam em casa. Os pais trabalham em casa.

Certamente as famílias tiveram que improvisar um espaço de trabalho / estudo.

Ainda não se sabe quando as escolas voltarão ao ensino presencial e muitas empresas vão continuar com o trabalho remoto por mais um bom tempo, as pessoas tiveram que organizar o espaço e a infraestrutura – internet de qualidade e com muitos gigas, iluminação adequada, mesas e cadeiras ergonômicas. Algumas famílias puderam investir nisso, outras continuam na improvisação.

Abrindo um parêntese aqui, estou me referindo às famílias que podem se dar ao luxo disso tudo pois, infelizmente, ainda vivemos num mundo desigual –em muitas famílias – os pais que perderam seus empregos, as pessoas moram em espaços pequenos sem computadores, sem internet, as crianças que perderam além do espaço de socialização, as merendas/refeições.

Contudo os impactos vão além desses já descritos e podem ser classificados em pontos positivos / vantagens e negativos / desvantagens

Vantagens do trabalho remoto para a vida em família

– As pessoas não gastam tempo no deslocamento (e no trânsito) e consequentemente têm mais tempo em casa. Os pais que passavam o dia fora, agora podem acompanhar o dia a dia dos filhos de pertinho.

– As refeições estão mais saudáveis, preparadas em casa, e são feitas com a família.

– Existe uma maior proximidade entre as pessoas que já moravam na mesma casa, pois agora a convivência é 24 horas, 7 dias na semana.

Mas como toda moeda tem dois lados, essas vantagens também podem ser desvantagens.

Desvantagens

– Trabalhar em casa exige muita disciplina e muita concentração e respeito de limites – é importante criar uma rotina, definir as tarefas / atividades do dia. Não é porque você está trabalhando de casa que precisa trabalhar muito mais horas.

– as crianças estudando em casa, muitas vezes precisam da ajuda dos pais com computador, a impressora e com os deveres de casa. Além disso, eles precisam comer – café da manha, almoço, jantar e vários lanchinhos / merendas entre as refeições. Alguém precisa prepará-las.

– acúmulo de funções e papéis. Os pais se viram com uma enorme sobrecarga de trabalho e, em muitos lares ainda são as mulheres as responsáveis pela casa e pelas crianças, mesmo quando elas trabalham fora. Se não dá pra fazer tudo, faça tudo o que puder fazer. Quem trabalha no escritório, fora de casa, sai do seu ambiente de trabalho para almoçar, quem trabalha em casa, precisa preparar a comida  e quem tem filhos precisa preparar as refeições adequadas para as crianças.

– a proximidade entre as pessoas traz mais amor, mais brigas, mais intimidade. Alguns casais casados há anos, estão se conhecendo agora. Infelizmente o número de casos de violência domestica aumentou no mundo inteiro.

Infância e adolescência

Depois de todo esse tempo sem escola, sem contato com os amigos penso no impacto disso tudo na vida

das crianças e adolescentes.  Se no início eles ficaram felizes com a suspensão das aulas, tenho certeza de que estão morrendo de saudades das escolas, de estar com os amigos. É um período de descoberta e de muitas aprendizagens que foi interrompido. Certamente, eles perderam muito com tudo isso.

Muitas crianças já manisfestaram e verbalizaram seus medos e ansiedades. Os que não conseguiram expressá-los em palavras, podem apresentá-los em sintomas variados – agressividade em casa, pesadelos recorrentes ou então faz xixi na cama, desenvolve uma gagueira .

Pets e hobbies

O sentimento de estar sozinho em casa fez com que muitas famílias adotassem um animal de estimação fenômeno percebido em vários países. Se antes as pessoas se queixavam da falta de tempo livre para se dedicar aos hobbies, durante a quarentena, muitos se dedicaram aos cursos on line, de temas mais variados, à arrumação da casa e aos velhos e novos hobbies -meditação, leitura, culinária, organização etc.

O que vai ficar dessa experiência?

Temos que esperar para saber, mas eu apostaria em algumas hipóteses.

– No Brasil, as pessoas vão precisar menos de empregadas domesticas e diaristas. As famílias passaram muito tempo sem ajuda e viram que é possível se virar sozinhos e no final do mês sobra um dinheiro para o lazer ou para colocar no “fundo viagem”.

– O trabalho remoto, desejo antigo de muitos trabalhadores, surgiu de improviso, pois as empresas ainda não estavam preparadas, veio para ficar. E as empresas precisam ainda ajudar seus funcionários a lidar com o home office sem tanto estresse.

– Os serviços de entregas / delivery que já existiam, ganharam ainda mais força

– Acredito que com a possibilidade do trabalho remoto e dos serviços de delivery cada vez mais abrangentes, as exigências para a compra de um apartamento ou para a escolha do carro vão mudar.

Para quem trabalha em casa vai ser mais importante ter um apartamento confortável do que morar perto do trabalho ou do transporte. Se você não passa mais tantas horas do dia no deslocamento, não precisa ter um carro luxuoso com altos custos de manutenção, nem o segundo carro da família.

Qual é a sua opinião sobre tudo isso?

A força da inovação e do trabalho em conjunto no processo de sucessão

Sucessão é  mudança

Muitas pessoas discordam dessa afirmação mas hoje eu trouxe dois exemplos  – do Magazine Luiza, gigante no cenário brasileiro e que dispensa apresentações e de uma pequena empresa de consultoria italiana

A Magazine Luiza, está entre as 500 maiores empresas familiares do mundo, em um lista com apenas 12 empresas brasileiras. Frederico Trajano que hoje é o CEO da holding  é filho da Luiza Helena Trajano que é  sobrinha da fundadora Luiza Trajano Donato. Hoje a empresa está na 3a geração.

Frederico Trajano entrou na empresa da família em 2000, com a responsabilidade de trabalhar na área de comércio eletrônico. Vale dizer que a 1a loja virtual da Magazine Luiza entrou no ar em 1999. De 2000 até 2016, quando assumiu o lugar de CEO da holding, Frederico trabalhou em diversas ‘áreas

É  uma história de continuidade com muitas mudanças. A magazine Luiza nasceu como uma pequena loja de presentes em Franca (SP)  e hoje está presente em todo o Brasil oferecendo cada vez mais produtos para as famílias brasileiras. Talvez seu maior concorrente seja a Amazon, empresa que já nasceu digital.

Já a pequena empresa de consultoria italiana se chama Pugni Malago formada por Paolo Pugni e sua esposa Franca Malago em 1995. As empresas de consultoria estão entre os casos de empresas familiares em que a sucessão para a geração seguinte exige muito conhecimento, o business é  o conhecimento dos empreendedores / fundadores.

O casal trabalha com consultoria de vendas desde sempre. O setor de vendas hoje eh muito diferente daquele de 25 anos atrás, já mudou muito e continua mudando. Se no passado as empresas investiam dias em treinamento da sua força de vendas em seminários, convenções em hotéis, talvez hoje seja mais importante investir no pré venda, por exemplo Partindo da premissa que todos os produtos são de excelente qualidade, ninguém abre mão disso, o que vai fazer o seu cliente comprar de você e não do seu concorrente?

Em 2015 Paolo criou um canal no youtube, onde todos os dias falava com o seu cliente. Com o tempo ele viu que precisava de alguém para ajudá-lo na produção desses que são chamados produtos digitais – vídeos, podcasts, conteúdo para redes sociais, etc.  “Já que tinha que pagar para alguém, convidou o filho e depois o genro”

A empresa continua ensinando aos seus clintes como vender e aos poucos essa atividade, desenvolvida pela geração mais nova está ganhando força. A geração mais nova, entrou na empresa da família (dos pais) oferecendo uma ferramenta (tecnologia, desenvolvimento de produtos digitais) que está se transformando em um novo negócio da empresa.

Nos dois casos, a geração seguinte trouxe, para a empresa da família, conhecimento e competência necessários `a empresa

Sucessão exige o trabalho em conjunto das duas gerações

Mas, ao mesmo tempo que sucessão significa mudança, é  um processo que exige o trabalho em conjunto das duas gerações

No caso da Magazine Luiza , é  importante crescer, entrar no mundo digital mas as lojas físicas devem continuar existindo, não pode faltar o calor humano. Esse é  um valor da empresa, é  um propósito que não deve ser perdido de vista.

Muito provavelmente este valor já fazia parte da empresa, não precisava de ninguém para protegê-lo. Conheço da história da empresa o que é  publicado nos jornais e revistas mas já vi casos em que a euforia da geração mais nova transformou o negócio da família e passou por cima de alguns valores que eram importantes para os fundadores mas não para os sucessores.

Já no caso da empresa de consultoria italiana, a geração mais nova aprendeu com a geração mais velha a forma de contar a história, quais são os pontos que devem ser valorizados, o que é importante ser transmitidos para que os seus clientes comprem de você e não dos seus concorrentes. Aos pouco a geração mais nova aprende o que é  importante para a produção do conteúdo.

O core business da consultoria era ajudar seus clientes a venderem mais ou melhor e quando a geração mais nova ingressou na empresa, com o objetivo de apresentar esse produto, ou esse conhecimento de uma forma mais adequada às exigências do mercado, a família descobriu um novo negócio.